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domingo, 21 de agosto de 2011

A rota do Paraguaçú pelo ambiente


Em que consiste o Projecto: numa travessia oceanica para o Brasil, em barco a remos, seguindo a rota dos navegadores portugueses, sendo portadora de uma mensagem de alerta para o problema premente das ‘Alterações Climáticas’, e de um abraço de amizade à nação brasileira.

A mensagem que pretende transmitir esta travessia, que não depende da emissão de qualquer gás poluente, é a de alerta para o problema crescente das ‘Alterações Climáticas’ e a necessidade de Proteger as Florestas, em especial a Amazónia (em consonância com a proposta Fundo Amazónia, de Lula da Silva), um tesouro da Terra que coube ao povo brasileiro ser o guardião, incitando ao recurso a energias alternativas em substituição das fosseis, ao estabelecimento de políticas mais firmes de sustentabilidade e conservação, e à implementação de formas mais eficientes e racionais de exploração de recursos.

‘Paraguaçú’, é o nome deste projecto de travessia e da embarcação transoceânica: significa ‘mar’ ou ‘rio grande’, numa língua indígena da Amazónia. Era o nome da índia Tupinambá, ou Catarina do Brasil, considerada a ‘mãe biológica da nação brasileira’ após a sua união com Diogo Álvares - o primeiro habitante português no Brasil, depois de naufragado junto àquela costa, em 1510. Este nome pretende homenagear a relação umbilical Portugal-Brasil, e o espírito pioneiro dos navegadores dos séculos XV e XVI (Pedro Álvares Cabral, em particular), mas também os 90 anos da primeira travessia aérea do Atlântico sul, concluída em 1922 por Gago Coutinho e Sacadura Cabral, bem como a graça do povo brasileiro, a quem pretendo estender um abraço com os votos de ver estreitadas as relações entre os dois povos irmãos.

Esta ‘cruzada’, apoiada em terra por uma reduzida equipa, reconstituirá a rota dos navegadores quinhentistas e a do ‘Santa Cruz’ (a aeronave que completou a travessia aérea), só que remando em solitário entre Marrocos-ilhas Canárias-Cabo Verde-Fernado Noronha-Brasil (Natal), numa extensão de quase 5.000 km de oceano. A duração esperada da travessia é de 120 dias. A partida está prevista para Dezembro de 2012. Durante o verão de 2011 uma preparação diária intensiva será levada a cabo ao longo das praias do Algarve, oferecendo uma excelente oportunidade para ações publicitárias.

A embarcação: é um barco a remos de corrida oceanica, Woodwale Solo Class, fabricado em Devon, Inglaterra, em 2008. Dimensões: 7,2 metros de comprimento por 2,02m de largura máxima e 1,6m de altura. Pesa aproximadamente 600 kg. Caracteristicas: 3 placas solares, des-salinizador de água; sistemas de comunicação/localização (radar, gps, telefone satélite, Epirb, ...). Historial: completou uma travessia do Atlântico (Canárias-Caraíbas) entre Janeiro e Abril de 2010, com o nome ‘Halcyon’.

Dimensão do Projecto: nenhum português realizou semelhante travessia em solitário ou sequer o tentou (houve um espanhol, vários ingleses e franceses, mas por rotas no hemisferio norte). Mais de 3.000 pessoas tentaram escalar o cume do Everest, apenas uns 200 tentaram atravessar um oceano a remos. Destes, alguns tiveram que ser resgatados e 7 desapareceram no mar. Apenas 32 pessoas de todo o mundo remaram através do Atlântico em solitário, e apenas alguns o lograram sem assistência.
Trata-se de um grande desafio de resistência, física e psicológica, não isento de riscos elevados, que exige uma elevada capacidade de preparação e organização, para minimizar os riscos e aumentar ao máximo as possibilidades de sucesso.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Crónicas de glaciares

A Noruega é liiiinda... mas os glaciares também estão em perigo!

Dia 23 parto para o Nepal. Tal como na Noruega, pretendo analisar efeitos da redução dos glaciares do vale do Khumbu, sobranceiro ao Everest, mas desta vez levando os esquis às costas com a intenção de neles descer da sexta montanha mais alta da Terra.
Anteriormente (crónica 26.11.10), dei noticia de que o glaciar de Chacaltaya, na Bolívia, desapareceu definitivamente em 2008 (como previsto 10 anos antes). Com isso encerrou a respectiva pista de ski e o panorama é agora desolador. Já não há neve a 5.300m de altitude! (tal como referi a respeito do Kilimanjaro: os efeitos notam-se mais drasticamente nas grandes altitudes e latitudes perto do equador)

Na Noruega situa-se o maior glaciar da Europa - o Jostedalsbreen (breen = glaciar), com uma área de 487km2. Actualmente o plateau tem uma extensão de pouco mais de 40km mas já foi muito longo...
Estive na ‘lingua’ de Boyabreen, uma das 25 que saem do glaciar principal. Boyabreen é braço mais longo, alimenta o fiord de Fjaerland, e está em retrocesso paulatino. Na foto vemos a evolução desse retrocesso desde 1886. Na foto seguinte vemos a evolução das temperaturas globais desde 1860, notando-se claramente o acentuado incremento a partir da década de 1980.

A história do consumo energético e do crescimento económico e demográfico da humanidade nos últimos 100 anos, “indica-nos que as alterações climáticas são, em boa parte, consequência de um desenvolvimento económico e demográfico sem precedentes, possibilitado pelo uso massivo dos combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás)” (por Mariano Marzo, catedrático de Recursos Energéticos da Fac. Geologia da Universidade de Barcelona, ao El País, 22.02.11). Segundo a OMM (org. mundial de meteo), 17 países registaram recordes de temperaturas máximas (Ago.10).

É para alertar para estes factos, e para contribuir para a consciencialização das suas consequências, que pretendo levar a cabo a travessia do Atlântico em barco a remos.

Curiosidade: Em 1972 um pequeno avião despenhou-se no plateau de Jostedalsbreen. O piloto morreu e foi evacuado. Os restos do aparelho foram sendo cobertos pela neve... Devido ao lento movimento das massas de gelo, espera-se que algum dia os destroços reapareçam no topo do Boyabreen.
(outras fotos no Facebook: http://www.facebook.com/media/set/?set=a.10150389263954778.435119.613684777&l=7529cdb7a4&type=1